A não venda do patrimônio cultural em nome do lucro é a bandeira dos feirantes nordestinos
A notícia de que a Feira Nordestina de São Cristóvão, um dos mais tradicionais espaços culturais do Rio de Janeiro, será entregue à iniciativa privada é devastadora para todos aqueles que valorizam a cultura e a história brasileira. O patrimônio cultural, que há décadas abriga artistas, músicos, artesãos e trabalhadores, pode ser transformado em mais um empreendimento comercial em nome do lucro. Na manhã da terça-feira (02/05), a partir das 9h, feirantes, nordestinos e quem ama a Feira de São Cristóvão vão caminhar até a Prefeitura e Câmara Municipal pela sobrevivência do patrimônio cultural imaterial e para cobrar explicações da prefeitura e do prefeito Eduardo Paes.
“As vozes dos feirantes se opõem à mercantilização de espaços culturais que tem se tornado uma triste realidade em nosso país. A venda da Feira Nordestina de São Cristóvão à “iniciativa privada” é um desastre para mais de 5 mil famílias que tiram seu sustento do seu trabalho na feira”, afirma Luiz Carlos dos Santos, feirante.
A justificativa apresentada pelo poder público é que a concessão (privatização) seria uma solução para a falta de recursos para a manutenção do local, mas será mesmo essa a melhor alternativa? Os feirantes da Feira Nordestina de São Cristóvão dizem não à privatização. Vale esclarecer, que o ganhador da licitação só assumirá o ativo da Feira Nordestina, ou seja, não assumirá as dívidas que já existem, como os feirantes vão pagar esse ônus e ainda alimentar suas famílias?
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Feira pode ficar fechada
Se a concessão for concretizada. Umas das contrapartidas do ganhador seria novas obras imediatas. O ponto crucial é que tais obras poderiam durar pelo menos 30 meses, ou seja , 2 anos e meio. Durante esse tempo os trabalhadores da feira seriam expulsos para o estacionamento da Feira Nordestina.
“A Feira Nordestina é nossa vida, nossa cultura, nossa história e isso não pode se perder e nem ser vendida. Isso não tem valor”, completa Luiz
Coração Nordestino no RJ
A Feira Nordestina de São Cristóvão é muito mais do que um local de comércio. É um espaço de encontro de diversas culturas nordestinas, um verdadeiro pedaço do Nordeste no Rio de Janeiro. É um lugar onde a música, a dança, a gastronomia, a religiosidade e as tradições são preservadas e celebradas. É um local de memória, de identidade e de resistência cultural, que existe há mais de 78 anos. E não pertence ao poder público.
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“Entregar esse espaço à iniciativa privada por 50 anos é abrir mão de nossa história e cultura, que foi construída e conquistada pelo povo nordestino. É relegar nossa cultura a um mero produto comercial. É permitir que o lucro esteja acima da preservação de nossa identidade, de nossas raízes culturais. É um desrespeito aos artistas, artesãos e trabalhadores que dedicaram suas vidas à Feira Nordestina de São Cristóvão”, diz Luiz da Tapioca das Meninas, que é um dos representantes dos feirantes.
A privatização de espaços culturais é um reflexo do descaso com a cultura e a história de nosso país. É um sintoma de uma mentalidade que enxerga a cultura apenas como mercadoria, ignorando seu valor imaterial, sua importância para a formação de nossa identidade como povo.
“É urgente repensar esse modelo de privatização da cultura. É necessário investir em políticas públicas de incentivo à cultura, de preservação de nosso patrimônio, de valorização de nossas tradições. É preciso que a cultura seja vista como um bem comum, acessível a todos, e não como uma mercadoria nas mãos de alguns poucos”, completa Luiz.
“A venda da Feira Nordestina de São Cristóvão à iniciativa privada é um golpe duro contra nossa cultura e história. É um exemplo claro de como interesses comerciais estão prevalecendo sobre a preservação de nosso patrimônio cultural. É hora de reagir, de lutar pela preservação de nossas tradições, de defender a importância da cultura em nossas vidas. Não podemos permitir que nossos espaços culturais sejam transformados em meros negócios em nome do lucro. É preciso resistir e preservar nossa identidade cultural”, finaliza Maria da Guia, também representante dos feirantes.
Serviço
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Manifestação pela sobrevivência da Feira de São Cristóvão
Quando: 2 de maio (terça-feira);
Horário: a partir da 9h;
Concentração: Em frente à Estátua de Luiz Gonzaga, na Feira de São Cristóvão, localizada no Campo de São Cristóvão, s/n.
Evento apresenta a nova geração do R&B carioca na Arena Cultural Fernando Torres no dia 19 de novembro, terça-feira, véspera de feriado, das 17h às 21h
Os 44 anos do Dia do Charme serão comemorados em grande estilo, com muita música, dança e no bairro que abriga o mais famoso e tradicional baile do gênero da cidade, Madureira. Trata-se do “Palco Futuro R&B”, que chega à Arena Cultural Fernando Torres no dia 19 de novembro, terça-feira, véspera do feriado do Dia da Consciência Negra, das 17h às 21h.
Totalmente gratuito, o evento abrirá espaço para a nova geração de cantores de R&B carioca, com shows de João Loroza, Thália, Isacque Lopes e Ella Fernandes. A abertura será com DJ Michell, um dos organizadores do evento, que será coroado com um grande Baile Charme. “Palco Futuro R&B – Dia do Charme” é apresentado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo, e comemora a lei que estabeleceu o “Dia do Charme”, oficialmente celebrado em 08 de março.
– Passamos a existir para o poder público. A lei em comemoração ao Dia do Charme já foi fruto disso. Em 2013, o baile charme foi decretado como patrimônio cultural e imaterial da cidade. Em 2015, aprovamos essa lei e muita coisa boa aconteceu depois disso. É a consagração e o reconhecimento de um trabalho iniciado lá atrás, na década de 1980, pelo DJ Corello e muitos outros, como Fernandinho, Orlando e Loopy, que construíram essa história. Neste dia batemos no peito e falamos: somos charmeiros com muito orgulho! É muito gratificante saber que nasci dentro dessa cultura e construí toda minha vida profissional e pessoal graças ao Charme – afirma DJ Michell.
De acordo com o coreógrafo, diretor artístico e ativista do Movimento Charme Marcus Azevedo, a história do Charme se constrói com quatro pilares como base – a música, a dança, a vestimenta e o comportamento – e pela mobilização do povo preto periférico e suburbano, sobretudo os dos arredores de Madureira, nas Zonas Norte e Oeste, mas também da Baixada Fluminense. Os happy hours do Centro da cidade, nas décadas de 1980 e 1990, também fortaleceram o ritmo.
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– Temos uma cultura com um jeito muito particular de contemplar, ouvir e dançar essa música black norte-americana, que trouxemos para o nosso jeito carioca de viver e, a partir disso, construímos uma outra história, que também pode ser visto no nosso dia a dia, buscando um jeito elegante e cordial. Não queremos ser mais que ninguém, mas temos nosso estilo de vida – reforça Marcus.
DJ Michell exalta a essência do Baile Charme de muita dança, coletividade, ambiente seguro e familiar, com muitas famílias construídas a partir dos bailes. Mas também sempre atento às novidades e transformações. E esse encontro de gerações se faz presente na pista e consolida a força do gênero.
– Foi preciso se adaptar para permanecer vivo. Hoje absorvemos diversos estilos da Black Music dentro dos bailes charme, como o Afrobeat, Hip Hop e Dancehall. As roupas antigamente eram tipo as de casamento, com muitas pessoas até alugando roupa para ir ao baile. Hoje o público é mais despojado, fica mais à vontade para usar uma bermuda, um short curto, e continuam se sentindo à vontade e bem-vestidos. Nós criamos tendências de moda, tem muita gente estilosa no baile – explica DJ Michell.
E o público tem muitos motivos para comemorar, pois DJ Michell já adianta que o evento deste ano é uma prévia do que está sendo preparado para 2025.
– A nossa proposta é muito maior do que apenas um baile, mas uma grande oportunidade de interação entre os charmeiros. Será um dia de celebração e reconhecimento a um movimento tão importante e que impacta a vida de muitos negros periféricos há 44 anos. Além disso, a edição de 2024 é um momento importante para potencializarmos novos talentos para que a cena do R&B Brasil se fortaleça e cresça como merece – completa.
O projeto “Dia do Charme 2024” é uma realização do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo – Edital Conexões Urbanas.
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R&B em cena
JOÃO LOROZA
Carioca de Madureira, João Loroza vem de uma família de músicos e iniciou sua paixão aos 11 anos. Após cinco anos trabalhando como instrumentista, João teve sua estreia solo como cantor e compositor em 2021. João busca sonoridades que o R&B e a Black Music pode proporcionar. Sempre falando de amor e autoestima com poesia, elegância melódica e energia em seus lançamentos.
THÁLIA
Cantora, compositora, mobilizadora social e mãe, Thália tem 21 anos, é cria da favela de Acari e recentemente representou o R&B no reality show da TV Globo “Estrela da Casa”.
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ISACQUE LOPES
Direto da Zona Norte do Rio de Janeiro, Isacque Lopes é cantor, compositor, bailarino e ator. Com raízes no R&B, funk e hip hop, suas músicas trazem a antiga estética brasileira misturando um novo estilo para a atualidade. Na música, iniciou aos 13 anos com o single “Foi Você”. Já como MC Isacque, lançou singles como “Quando Tu Jogar”, “Só de Malícia” e “Trava”. Em 2018, teve seu primeiro feat. no trap “Preto Abusado”. Em 2020, começou a ter maior notoriedade nas redes sociais com sua série de medleys “Mashups A Capella”, somando mais de 500K de visualizações. O seu primeiro EP, “Isacque Lopes”, foi lançado em 2021, com faixas que vão do R&B ao funk. Recaída, Blondor e Bailão iniciam uma nova fase musical do cantor, com a mistura do gueto carioca e a vida glamurosa de um superstar.
ELLA FERNANDES
Ella Fernandes é cantora, compositora, atriz e poeta da cidade de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Cantora AFROPOP com influências do Soul, gravou em parceria com Marcelo Mello Jr. a música “Fazendo Falta” e, no projeto Mana Música, as canções “De São Gonça a Salvador” e “Miçanga Balança”. Autora também das músicas “Vai ficar tudo bem”, “Barbie de rua” e “Feitiço”, Ella viralizou a sua poesia “80 tiros” (versão de “Cálice”, de Chico Buarque) alcançando milhares de pessoas com o questionamento do genocídio da população negra. Em setembro de 2022, a cantora lançou a música “Deixa Brilhar”, em parceria com o produtor angolano JossDee, e realizou o show “A vedete da Favela” no “Espaço Favela” do Rock In Rio.
SERVIÇO:
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“PALCO FUTURO R&B – DIA DO CHARME”
Dia e horário: 19 de novembro, terça-feira (véspera de feriado), das 17h às 21h
Local: Arena Cultural Fernando Torres – R. Bernardino de Andrade, 200 – Madureira
No dia 02/11, das 12h às 20h, a Feira Popular Cultural Sambadilá, que acontecerá na Praça Escritor Adelino Magalhães, em São Domingos, NIterói, está confirmada. A entrada gratuita e nesta terceira edição a convidada é a cantora baiana Marizelia.
O evento conta com roda de samba, gastronomia e artesanato. A finalidade é revitalizar a praça, recentemente reformada, localizada em frente ao emblemático edifício do Castelinho que vai abrigar em breve a sede do Programa Niterói de Bicicleta.
A quarta edição da feira também já tem data marcada para 07 de dezembro. A Feira Popular Cultural Sambadilá, idealizada pelo sambista Mingo Silva, recebe apoio do Governo Federal e do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural. A realização é do Campus Avançado e do coletivo Sambadilá, com produção da Realize Cultura e da Jou Jou.
Com as Faixas “Fuga”, “Um Ele” e “Vexame”, a dupla segue mostrando seu talento e foco na autenticidade
A dupla Wesley & Conrado dá continuidade ao seu projeto Marco Zero com o lançamento da segunda parte, intitulada “Marco Zero, Pt. 2”. O novo EP chega com três faixas inéditas: “Fuga”, “Um Ele” e “Vexame”, destacando a essência musical e o compromisso da dupla em oferecer sempre canções autênticas e de qualidade. Mesmo com pouco mais de um ano de formação, Wesley & Conrado vêm conquistando espaço no cenário sertanejo, mas sem se deixar levar pela pressão de criar sucessos virais. O foco da dupla é oferecer música de alta qualidade, honrando as raízes do sertanejo e respeitando a sua própria identidade artística. Eles acreditam que o sucesso deve ser uma consequência do trabalho dedicado, sem abrir mão da essência que os diferencia.
“Nosso objetivo não é seguir tendências passageiras ou criar hits a qualquer custo. Queremos ser reconhecidos pela qualidade da nossa música, pelo respeito ao sertanejo e pela verdade que colocamos em cada projeto”, destaca Wesley.
Conrado reforça a visão da dupla: “Marco Zero representa o que vivemos e sentimos. Não estamos preocupados com o que é passageiro. Nosso foco é fazer música que toque o coração das pessoas e mantenha vivo o espírito do sertanejo.”
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Com o lançamento de “Marco Zero, Pt. 2”, Wesley & Conrado continuam a trilhar seu caminho, demonstrando que a qualidade e a verdade musical são as suas maiores prioridades.
“Fuga” foi composta por João Lucas, Henrique Alves, Renato Souza e Amanda Arantes. “Vexame”, por Philipe Pancadinha, Tiago Marcelo e Leo Souzza, e “Um Ele” por Greg Neto, Kauê Segundêro e Jimmy Luzzo.
O projeto Marco Zero, que foi gravado este ano em Goiânia, o berço da música sertaneja, tem direção da Roça Music e Rafael Terra, produção musical de Dudu Oliveira, direção de vídeo de Will Santos e Terra Produções.