Por Dr. Marco Aurélio Guidugli | Cirurgião Plástico e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Outubro é rosa, mas o que está por trás dessa cor vai muito além da prevenção. Outubro é sobre histórias. Sobre silêncios, medos, perdas, mas também sobre superação, recomeços e reencontros. Todos os anos, milhares de mulheres atravessam o diagnóstico de câncer de mama e saem transformadas do outro lado. Não apenas no corpo, mas principalmente na forma como se enxergam.
O câncer de mama é hoje o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de mais de 73 mil novos casos por ano. Só em 2023, mais de 20 mil mulheres perderam a vida para a doença.
Mas felizmente, ao lado do avanço dos tratamentos, a medicina também evoluiu em outra frente fundamental: a reconstrução.
Falo aqui não apenas da reconstrução mamária como técnica cirúrgica, mas da reconstrução da autoimagem, da autoestima e, muitas vezes, da própria identidade feminina. A mulher que enfrenta o câncer de mama não sai da mesma forma que entrou. Ela carrega cicatrizes (físicas e emocionais) e, com elas, o desafio de se reconectar com seu corpo, com seu reflexo, com sua história.
É nesse momento que a cirurgia plástica deixa de ser apenas estética e se torna terapêutica. A mamoplastia reparadora é, antes de tudo, uma devolução: da forma, da proporção, mas também da confiança, da feminilidade e da dignidade.
Existem diferentes caminhos para essa reconstrução, todos personalizados conforme o corpo e a realidade de cada paciente. Para algumas mulheres, a reconstrução pode acontecer imediatamente após a retirada da mama, durante a própria mastectomia. Outras precisam esperar semanas ou meses, até que o corpo e a mente estejam prontos. Algumas optam por próteses de silicone, outras por retalhos de tecido retirados do próprio corpo. Existem técnicas com expansores, enxertos, reconstrução do mamilo com tatuagem médica. Cada caso é único. Cada mulher, um universo.
Mas independente da técnica, o que está por trás de cada escolha é o mesmo: o desejo de se reconhecer novamente. E é aí que entra o conceito que me acompanha em todos os anos de profissão: a Divina Proporção. Uma ideia que vai além da simetria perfeita. Falo de harmonia. De equilíbrio. De encontrar, mesmo após uma batalha tão intensa, um ponto de paz entre o corpo e a alma.
Os benefícios da mamoplastia reparadora vão muito além do espelho. Ajudam no alívio de dores físicas, como nas costas e ombros. Corrigem assimetrias. Restauram o contorno mamário após a maternidade ou a doença. Mas principalmente, devolvem a liberdade de se sentir inteira, de se olhar com carinho, de se vestir sem medo. De viver com autenticidade.
Este Outubro Rosa, convido você a enxergar essa campanha com mais profundidade. Porque falar de câncer de mama é também falar de acolhimento, de reconstrução e de pertencimento. Que possamos lembrar que, para muitas mulheres, vencer o câncer é só parte da jornada. A outra parte é se reconstruir, por dentro e por fora.
E esse processo, quando guiado com respeito, técnica e empatia, tem o poder de transformar não apenas o corpo, mas a vida.
@dr.marcoaurelioguidugli
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