Connect with us

Geral

Em entrevista, professor do Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino do Direito da Uerj comenta os efeitos da nova Lei de Improbidade

Published

on

Mestre em Direito Público, Rodrigo Zambão é professor do Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino do Direito da Uerj (Ceped/Uerj). Em entrevista, ele comenta a Lei 14.230/21, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no fim de outubro, que alterou a tipificação do crime de Improbidade Administrativa. O jurista vê pontos positivos e negativos nas mudanças, ressaltando que é natural haver ajustes na legislação. “Há espaço para potencializar o que a Lei da Improbidade traz de positivo e questionar aspectos que podem dificultar a punição de agentes desonestos”, argumenta o jurista.

 

1)Fala-se muito em um “apagão da administração pública” por causa de supostos excessos da atual Lei de Improbidade e do Ministério Público, o que justificaria as mudanças feitas no Congresso. O caminho era realmente mudar a lei?  

 

Advertisement

O “apagão da Administração Pública” – ou “apagão de canetas” – representa um fenômeno de paralisação na atuação de agentes públicos em razão do medo de responsabilização excessiva. Trata-se de fenômeno presente na realidade de muitas estruturas administrativas, em todos os níveis da federação. Mas é necessário reconhecer que o citado “apagão” não é decorrência de causa única. Não pode ser atribuído exclusivamente ao Ministério Público e a excessos eventualmente verificados no manejo de ações de improbidade. O Ministério Público é uma instituição essencial ao Estado Democrático de Direito e deve permanecer dotado de independência e estrutura para bem desempenhar suas funções constitucionais. Na verdade, a inércia administrativa tem mais ligação com a existência de uma pluralidade de instâncias de controle, que não raro atuam de forma não dialógica e sobreposta. E isso, também não raro, compromete a boa gestão pública e atinge muitos agentes públicos bem intencionados, que não são imunes ao cometimento de erros. O problema maior de um controle desproporcional é que ele gera estagnação e dificulta a inovação na Administração Pública. O medo da responsabilização excessiva realmente produz paralisia.

Dito isso, enxergo a alteração legislativa como uma tentativa de se calibrar o controle em razão da imputação de atos de improbidade. A novidade legislativa pode contribuir para melhorar o estado de coisas, mas certamente não resolverá o problema do “apagão” como um todo.

 

2) Como o senhor vê as mudanças feitas? Quais são os principais aspectos positivos e negativos?

 

Advertisement

A alteração na lei de improbidade há muito vinha sendo objeto de estudos em setores especializados. É natural que leis sejam objeto de modificações e ajustes ao longo do tempo. O grande problema é que a atual modificação despertou paixões, uma espécie de “fla x flu” no direito público brasileiro. Eu prefiro reconhecer que há argumentos legítimos e bem intencionados de parte a parte. E a nova lei, como tudo na vida, tem pontos positivos e negativos. Como ponto positivo, eu enxergo a reafirmação da ideia de que a improbidade administrativa não pode ser associada a toda e qualquer infração praticada por agente público. Nem toda atuação desviada de agentes públicos deve ser caracterizada como improbidade. Há diferentes níveis de responsabilização de agentes públicos, e a improbidade, com sanções extremamente gravosas, está em nível elevadíssimo, abaixo apenas da responsabilidade criminal. Em termos mais diretos: a lei traz uma tentativa de evitar a banalização da improbidade administrativa.

No aspecto negativo, enxergo com preocupação a complexa discussão sobre a possibilidade de aplicação do novo prazo prescricional a ações em curso, circunstância que poderá deixar atos realmente ímprobos sem a devida punição. A matéria será decidida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de Repercussão Geral, sob a relatoria do Ministro Alexandre de Moraes.

 

3) No texto final, foi acrescentado um dispositivo para exigir dolo em casos de nepotismo. A tendência, na sua opinião, é os casos de nomeação de parentes aumentarem?

 

Advertisement

Realmente um dos temas polêmicos da alteração legislativa, sobretudo pelo fato de que o nepotismo é algo objetivo, ou seja, basicamente a nomeação de parentes para exercícios de funções comissionadas ou de confiança, em contrariedade aos princípios constitucionais da moralidade, impessoalidade e eficiência. Por isso a perplexidade de muitos no que diz respeito à exigência do dolo.

Só que é necessário fazer uma ressalva. A alteração legislativa não torna o nepotismo algo legítimo. Na verdade, o que a lei consagra é que nem todo nepotismo será caracterizado como improbidade, sem que isso automaticamente represente impossibilidade de responsabilização em outras esferas.

Tenho a esperança de que a alteração legislativa não representará um retrocesso, já que o combate ao nepotismo é uma conquista recente na história constitucional brasileira. Ao fim e ao cabo, o abandono do nepotismo deveria ser algo cultural e não jurídico.

 

4) Como é possível provar dolo em casos de improbidade?

Advertisement

 

O dolo sempre foi a regra para caracterização de atos de improbidade, a exceção daqueles causadores de dano ao erário, relativamente aos quais se admitia a responsabilização por culpa grave. O que lei passa a exigir é o chamado dolo específico, ou seja, a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado.

A exigência do dolo específico vai tornar mais onerosa a construção do lastro probatório necessário – uma justa causa – para o ajuizamento de ações de improbidade. E a obtenção de provas em matéria de improbidade é realmente algo relevante, considerada a intensidade das punições.

Mas a forma de se provar o dolo não vai mudar tanto assim. O dolo continuará a ser validamente extraído de uma pluralidade de situações, notadamente das circunstâncias em que praticado o ato e das condutas especificamente reveladas pelo agente público.

 

Advertisement

5) Quais as implicações de apenas o MP ter o condão de apresentar casos de improbidade?

 

Sou especialmente crítico da previsão de legitimidade exclusiva para o Ministério Público. É um tanto quanto questionável que se prive o ente lesado, por intermédio do seu órgão de advocacia pública, do ajuizamento de ações de improbidade, especialmente quando em jogo dano ao erário. A modificação legislativa também cria danos sistêmicos no tratamento do combate à corrupção. Enfraquece a atuação dos órgãos de advocacia pública na negociação e celebração de acordos de leniência, por exemplo.

É relevante registrar que em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, também sob a relatoria do Ministro Alexandre, foi concedida medida cautelar para suspender os efeitos da legitimação exclusiva, dentre outros argumentos, pelo fato de que representaria um retrocesso no combate à corrupção.

Ainda assim, caso ao final seja mantida a previsão da legitimidade exclusiva, a consequência mais imediata é que ela forçará um maior diálogo entre órgãos administrativos de controle e o Ministério Público, que deverá ser constantemente municiado de elementos para instauração de inquéritos e ajuizamento de ações de improbidade.

Advertisement

 

6) Como essa questão é tratada internacionalmente? Há algum modelo em que poderíamos nos espelhar?

 

Difícil endereçar o tema internacionalmente, já que cada país tem estruturas de controle compatíveis com as suas respectivas realidades. O que eu arriscaria dizer é que dificilmente encontraremos países com tantos (e tão poderosos) órgãos de controle como no Brasil. E mais: também não há exemplos de tamanha interferência externa no campo da gestão pública, no controle de políticas públicas, como no país. Trata-se de ponto que deve ser continuamente objeto de reflexão e de ajustes legislativos.

 

Advertisement

7) O senhor tem alguma proposta de mecanismos para proteger a coisa pública mas que, ao mesmo tempo, não afastem as pessoas da política?

 

Também é um tema muito complexo. Não há providência milagrosa. Ainda assim, penso que o grande desafio reside justamente na criação de incentivos adequados para atração de pessoas de bem e tecnicamente qualificadas para cargos públicos, especialmente os de natureza política.

Só que um automatismo sancionador e um punitivismo exacerbado acabam criando incentivos invertidos. O medo de responsabilização desproporcional afasta bons quadros de instâncias administrativas e políticas. Não podemos transformar cargos públicos em armadilhas. Meu desejo é que a alteração da lei de improbidade contribua para a mudança do estado atual de coisas. Se os resultados serão alcançados, só o tempo dirá.

 

Advertisement

8) Temos um sistema burocrático ou leniente, na sua opinião?

 

O sistema é muito dos dois, mas eu arriscaria dizer que é mais burocrático do que leniente. Temos um Estado agigantado, caro, lento e muitas vezes insensível a resultados dele esperados. E a solução para a ineficiência da máquina pública também passa pelo que afirmei acima: a necessidade de criação de incentivos para incorporação de indivíduos bem intencionados e devidamente qualificados para o desempenho de funções públicas de todos os tipos.

No campo da leniência, registro que não enxergo na alteração legislativa a criação de uma “lei da impunidade”. Há espaço para potencializar o que ela traz de positivo, e, pelos caminhos institucionais adequados, questionar aspectos que podem dificultar a devida punição de agentes públicos desonestos.                                                                    

Advertisement
Continue Reading
Advertisement

Geral

Amstel apresenta suas novidades em seu sétimo ano como marca parceira da Parada do Orgulho LGBT+

A Amstel, cerveja do Grupo Heineken, será a patrocinadora principal da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo pelo sétimo ano consecutivo. Com a campanha “Festejar tá na nossa história”, a marca promove uma série de ações que celebram a história da comunidade e investem em seu futuro, com foco em empreendedorismo e capacitação. João Victor […]

Published

on

Amstel, cerveja do Grupo Heineken, será a patrocinadora principal da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo pelo sétimo ano consecutivo. Com a campanha “Festejar tá na nossa história”, a marca promove uma série de ações que celebram a história da comunidade e investem em seu futuro, com foco em empreendedorismo e capacitação.

João Victor Guedes, diretor de marketing da Amstel no Brasil, destaca que o compromisso da marca com a comunidade LGBTQIAPN+ é consistente e vai além do patrocínio, buscando construir histórias e dar suporte para o futuro.

As principais iniciativas da Amstel para o período incluem:

1. Mentoria para Empreendedores e Feira da Diversidade:

Advertisement
  • Mentoria Nhaí By Amstel: Pelo quarto ano, a Amstel se une a Raquel Virgínia, CEO da Nhaí, para o projeto “Negócios do Orgulho”. A iniciativa visa capacitar e acelerar o ecossistema de bares da comunidade, oferecendo um programa de mentoria para 17 empreendedores LGBT+ de São Paulo. Raquel Virgínia ressalta a importância histórica dos bares como espaços de resistência e afirmação para a comunidade.
  • Bar do Orgulho na Feira da Diversidade: Nesta quinta-feira (19), a Amstel apresentará o “Bar do Orgulho” no Memorial da América Latina. O espaço, com entrada gratuita, resgatará a memória de locais emblemáticos, como o Ferro’s Bar, e o histórico “Caso Ferro’s Bar” de 1983, um marco na resistência lésbica. A programação contará com shows de grupos como Samba Maria e Sapagode.

2. Parada do Orgulho e Atração Surpresa:

  • Patrocínio ao Festival Castro: No sábado (21), a Amstel será patrocinadora oficial do Festival Castro, onde anunciará a atração musical surpresa que se apresentará em seu trio na Parada.
  • Trio na Paulista: A Amstel terá o 16º trio na 29ª edição da Parada do Orgulho. A marca promete um dos principais shows do evento, com um artista de peso para animar o público na Avenida Paulista e na Rua da Consolação.

3. Colaborações e Outras Ações:

  • Amstel Vibes: A linha de bebidas “ready to drink” da marca lançou a websérie “Entre Vibes”, com Dudu Bertholini, promovendo diálogos entre diferentes gerações da comunidade.
  • Collab com Coco Leve: Em parceria com a marca Coco Leve, a Amstel Vibes lança uma edição limitada de gelo de melancia com glitter, que estará disponível em pontos de venda em São Paulo e será distribuído na Feira da Diversidade e na Parada.
  • Parceria com OXXO: A unidade da loja de conveniência OXXO na Rua da Consolação, 1937, será decorada com o tema “Para todas as vibes”, com a fachada e o interior celebrando as cores do arco-íris durante os meses de junho a agosto.

Continue Reading

Geral

Em nova campanha, Gino-Canesten® incentiva consumidores a “botarem a ‘ppk’ na mesa”

A campanha “Bota a PPK na Mesa”, idealizada pela agência Droga5 para a marca Gino-Canesten®, da Bayer, busca quebrar o tabu em torno da saúde íntima feminina. Com o objetivo de naturalizar as conversas sobre candidíase, vaginose e os cuidados diários com a vagina, a iniciativa convida o público a tratar o tema de forma […]

Published

on

A campanha “Bota a PPK na Mesa”, idealizada pela agência Droga5 para a marca Gino-Canesten®, da Bayer, busca quebrar o tabu em torno da saúde íntima feminina. Com o objetivo de naturalizar as conversas sobre candidíase, vaginose e os cuidados diários com a vagina, a iniciativa convida o público a tratar o tema de forma aberta e sem vergonha.

Estrelada pela apresentadora Sabrina Sato, a campanha foi lançada com um filme-manifesto que retrata situações cotidianas relacionadas à saúde vaginal. O filme, produzido pela KAUS, mostra um grupo de mulheres em uma mesa decorada com símbolos que representam a genitália feminina, discutindo abertamente desconfortos como a candidíase e a vaginose. Ao final, Sabrina Sato apresenta Gino-Canesten® como uma solução para essas questões.

Lizbeth Sandoval, Diretora de Marketing da Bayer Consumer Health no Brasil, afirma que o objetivo é “ser aliada da saúde íntima e falar abertamente de ‘pepeka’”, buscando educar e celebrar o tema. A campanha reforça o compromisso da marca em empoderar as pessoas através da informação e do autocuidado.

Ana Cavalcanti, Diretora de Criação Executiva da Droga5, explica que o conceito subverte uma frase machista para promover um posicionamento corajoso sobre a saúde feminina, algo que, segundo ela, todas as pessoas com vagina enfrentarão em algum momento.

Advertisement

Estratégias de Divulgação e Novos Produtos

A campanha utiliza uma ampla estratégia de mídia, incluindo televisão e redes sociais, além de conteúdo editorial educativo. Uma das ações de maior destaque foi a participação da “Periquita”, mascote da campanha, no programa “Mais Você”, da Rede Globo. Ao lado de Ana Maria Braga, a personagem promoveu um diálogo descontraído sobre a saúde íntima.

No ambiente digital, a campanha impulsionou o desafio “#ppkaço” no TikTok. Liderado pela ginasta Flávia Saraiva, o challenge incentivou influenciadores a realizarem o espacate enquanto compartilhavam informações e dicas sobre cuidados com a vagina, candidíase e vaginose.

Aproveitando o lançamento da campanha, a Gino-Canesten® apresentou dois novos sabonetes íntimos:

  • Triplo Cuidado: Um sabonete em gel formulado para limpeza suave, proteção diária e controle de odores, proporcionando sensação de frescor.
  • Puro Cuidado: Uma opção sem fragrância, parabenos, álcool e corantes, com fórmula hipoalergênica.

Ambos os produtos são ginecologicamente testados e indicados para o uso diário, atendendo a diferentes necessidades e preferências das consumidoras.

Advertisement
Continue Reading

Geral

Lola, personagem icônica de ‘beleza fatal’, é o rosto da campanha do programa de afiliados do Mercado Livre

Conteúdo Parceiro: TrendPop Numa reviravolta digna de novela, a personagem que o Brasil aprendeu a amar e odiar acaba de ganhar um novo papel: garota-propaganda. A vilã Lola, de BELEZA FATAL, é o rosto da nova campanha do Mercado Livre com a Max, em uma aliança que explora o universo da novela que se tornou um […]

Published

on

Conteúdo Parceiro: TrendPop

Numa reviravolta digna de novela, a personagem que o Brasil aprendeu a amar e odiar acaba de ganhar um novo papel: garota-propaganda. A vilã Lola, de BELEZA FATAL, é o rosto da nova campanha do Mercado Livre com a Max, em uma aliança que explora o universo da novela que se tornou um fenômeno nacional.

A colaboração, idealizada pela agência GUT, se materializa em um vídeo exclusivo que borra as fronteiras entre entretenimento e social commerce. A premissa é genial: e se a influente Lola usasse sua fama e poder de persuasão para lucrar online? Para garantir a fidelidade ao tom e à personagem que conquistou o Brasil, o episódio especial foi escrito por Raphael Montes e dirigido por Maria de Médicis, as mesmas mentes criativas por trás da novela da Max Original.

BELEZA FATAL se tornou um fenômeno e vimos uma oportunidade para mostrar de forma criativa o potencial do nosso programa”, afirma Iuri Maia, Diretor de Estratégias de Marca do Mercado Livre. Ele destaca que a campanha ilustra como qualquer pessoa pode transformar influência em renda, reforçando o compromisso da marca com o empreendedorismo digital ao incluir até mesmo uma afiliada real da comunidade em cena.

Advertisement

A ação representa uma nova fronteira para o conteúdo de marca, como explica Eduardo Teixeira, da Warner Bros. Discovery. “Uma das nossas maiores vantagens é aproveitar as conversas que se formam em torno de nossas produções e personagens, transformando isso em um produto para as marcas”, comenta, ressaltando a busca por formatos que promovam uma conexão genuína com um público cada vez mais exigente.

Para Gabriela Sanchez, Diretora de Estratégia da GUT, o timing foi perfeito. “Estávamos no auge da novela que conquistou Lolovers na vida real. Assim, uma personagem influenciadora que se tornou um ícone chega para o programa de afiliados de forma única, fazendo uma combinação perfeita”.

A campanha, que estreou hoje, segunda-feira, será veiculada nas plataformas Mercado Play e Max (para usuários do plano com anúncios), com desdobramentos estratégicos nas redes sociais. A aposta das marcas se ancora em um sucesso estrondoso: lançada em janeiro, BELEZA FATAL é a produção brasileira mais assistida na Max desde o relançamento da plataforma em fevereiro, provando que o poder de Lola vai muito além das telas.

Advertisement
Continue Reading

Mais Lidas

Copyright © TimeOFFame - Todos os direitos reservados