O caminho para a publicação de um livro no Brasil é uma jornada complexa e repleta de desafios, especialmente em um mercado que tem mostrado sinais de retração no início de 2023, mas que ainda assim guarda espaço para o crescimento e a inovação. “A Revolta do Buraco”, de José Filipe Faro, não foi exceção, enfrentando todos os obstáculos inerentes ao processo de trazer uma nova obra ao público.
José Filipe Faro, ao detalhar o processo criativo por trás de “A Revolta do Buraco”, enfatiza a importância de abordar temas sociais contemporâneos de maneira provocativa. “Desde o início, quis que o livro fosse um espelho das complexidades do nosso tempo, misturando ficção e realidade para desafiar o leitor a refletir sobre o mundo ao seu redor”, afirma Faro.
Enfrentando o Mercado Editorial
O mercado editorial brasileiro, conforme relatório do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e análises da Nielsen, enfrentou uma queda de 12,93% em volume e 7,61% em faturamento no início de 2023 comparado ao mesmo período do ano anterior. Este cenário desafiador reflete as dificuldades encontradas por Faro e sua equipe na busca por uma editora que compartilhasse da visão do livro e estivesse disposta a investir em uma obra que transgredisse as convenções literárias.
A Escolha da Editora e o Design da Capa
Após um meticuloso processo de seleção, Faro optou por uma editora que não apenas entendia a mensagem por trás de “A Revolta do Buraco”, mas também estava comprometida com a promoção de obras que dialogassem com as questões sociais e políticas atuais. “A escolha da editora foi crucial. Queríamos alguém que nos permitisse manter a integridade da obra sem ceder a pressões comerciais”, explica Faro.
O design da capa, elemento importante para atrair a atenção dos leitores, foi concebido como uma representação visual da fusão entre ficção e realidade, um dos temas centrais do livro. “A capa precisava provocar curiosidade e reflexão, servindo como um convite à leitura”, comenta Faro.
Curiosidades e Desafios
Uma das curiosidades do processo de publicação de “A Revolta do Buraco” foi a decisão de incorporar elementos de marketing digital e estratégias de relações públicas para alcançar um público mais amplo, refletindo a crescente importância das vendas online no mercado de livros. Em 2023, 55% dos livros foram comprados pela internet, com a Amazon dominando dois terços das compras virtuais de livros físicos no Brasil.
Faro também enfrentou o desafio de posicionar uma obra literária em um mercado que tem visto um declínio no número de leitores e compradores de livros. Apenas 16% da população brasileira acima de 18 anos comprou ao menos um livro em 2023. Isso exigiu uma abordagem criativa para engajar os leitores e incentivar a discussão sobre os temas abordados no livro.
“A Revolta do Buraco”, mais do que um livro, é um testemunho dos desafios e possibilidades dentro do mercado editorial brasileiro. José Filipe Faro, através de sua obra, convida à reflexão sobre temas sociais urgentes, ao mesmo tempo em que navega pelas complexidades de publicar e promover literatura em um ambiente cada vez mais digital e seletivo. Este projeto não é apenas um marco literário, mas também um exemplo de persistência e inovação no cenário editorial atual.
Sobre o livro: “A Revolta do Buraco”
“A Revolta do Buraco” mistura ficção e realidade de maneira inovadora, apresenta a jornada de Rosa, uma personagem que simboliza o anseio universal por liberdade e igualdade. A trama desafia os leitores a refletirem sobre o papel do coletivo na criação de uma nova sociedade e o poder transformador da autodeterminação e política em um contexto social opressivo.
Rosa vive em uma comunidade controladora, onde todos são subjugados e explorados. Determinada a buscar uma vida melhor, ela se une a um grupo de amigos, iniciando uma jornada de autodescoberta e emancipação. A história levanta questões críticas sobre igualdade, justiça social e a divisão do trabalho, explorando a possibilidade de construir uma comunidade com direitos iguais e carga de trabalho equitativamente distribuída.
“A Revolta do Buraco” utiliza a ficção para espelhar realidades sociais, criando um diálogo entre o leitor e o mundo ao seu redor. José Filipe Faro, conhecido por sua habilidade em abordar temas complexos de forma simples e envolvente, expressa a importância dessa abordagem ao afirmar: “Acredito que a literatura infanto-juvenil é uma poderosa ferramenta para despertar o interesse dos jovens pela política. Ao mesclar aventura e reflexão, podemos cultivar cidadãos conscientes e críticos desde cedo.”
Recomendar “A Revolta do Buraco” como parte do incentivo à leitura é uma estratégia inteligente para não apenas desenvolver o gosto pela leitura, mas também para cultivar o pensamento crítico e o entendimento do funcionamento da sociedade. Ao explorar esse universo literário, os jovens leitores terão a oportunidade de ampliar sua visão de mundo e se tornarem cidadãos mais conscientes e participativos, como destaca o autor.
Sobre José Filipe Faro
José Filipe Faro, formado em Publicidade pela Universidade Metodista, é uma figura notável na área de marketing e ativismo social. Iniciou sua carreira em agências de publicidade, seguida pela gestão da metalúrgica familiar, onde adquiriu experiência prática em administração e finanças. Seu espírito empreendedor o levou a co-fundar a Wheyme, uma vending machine de Whey Protein, conquistando clientes como SmartFit e JustFit.
Em 2018, Faro co-criou o Clube do Minhoca, um espaço de stand-up em São Paulo, com o humorista Patrick Maia, e também colaborou na fundação de uma produtora de conteúdo audiovisual e editora de livros focada em comédia. Seu engajamento em questões sociais cresceu ao participar de projetos como a Estamparia Social e uma cooperativa do MST na distribuição de alimentos desde 2020. Este percurso diversificado inspirou Faro a iniciar a escrita de um livro, unindo suas experiências em arte, ativismo e política.