O mercado de beleza brasileiro movimenta bilhões de reais por ano e está entre os maiores do mundo. Em meio a esse cenário efervescente, um novo movimento vem chamando atenção: o crescente interesse pela estética asiática, impulsionado por tendências internacionais como a K-beauty (coreana) e a J-beauty (japonesa), que vão do skincare às técnicas de maquiagem.
Apesar da relevância desse fenômeno e do Brasil abrigar a maior comunidade japonesa fora do Japão, ainda há uma lacuna visível: a escassez de profissionais preparados para maquiar peles e traços asiáticos.
“De uma maneira geral, ainda se usam técnicas de maquiagem ocidental em rostos asiáticos, o que muitas vezes gera frustração na cliente de descendência oriental”, explica a maquiadora Lucy Ito, especialista em beleza asiática.
Descendente de japoneses, Lucy percebeu cedo a dificuldade. Em seus atendimentos, passou a ouvir relatos recorrentes: “Exageraram nos meus olhos”, “Colocaram cílios muito grandes”, “Minha pele ficou super pesada”. A repetição desses desabafos a levou a criar métodos adaptados às especificidades dos traços orientais.
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“Eu sabia que poderia ajudar com meu conhecimento, mostrando como a maquiagem pode valorizar nossos traços de forma natural e sem apagar quem somos”, afirma.
Para ampliar o alcance desse trabalho, Lucy lançou, há um ano, um curso online de automaquiagem voltado especificamente para mulheres asiáticas. A proposta é que elas aprendam a se maquiar de forma independente, conquistando resultados mais leves e naturais.
Agora, a especialista prepara um novo passo: um curso profissionalizante para maquiadores interessados em atender esse público. A formação ensinará, de forma prática, como trabalhar ângulos de olhos, sobrancelhas, pele e rosto de acordo com as preferências estéticas das asiáticas.
“É um projeto ambicioso, mas tenho certeza de que será muito valioso para os profissionais que desejam se especializar”, diz Lucy.
Especialistas do setor destacam que a demanda por serviços personalizados cresce em todo o país. Com a maior visibilidade de influenciadores e consumidores asiáticos no Brasil, cresce também a pressão para que marcas, salões e maquiadores se adaptem.
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A trajetória de Lucy Ito reflete um movimento maior: tornar o mercado de beleza mais inclusivo e preparado. Técnicas adaptadas, linguagem acessível e profissionais qualificados são caminhos para que mulheres asiáticas se sintam respeitadas e valorizadas em momentos importantes, sem abrir mão de sua identidade.