*Por Jéssica Farias
O agronegócio brasileiro, conhecido por sua robustez e contribuição significativa para a economia do país, enfrenta um período desafiador. Um estudo da Serasa Experian revelou um aumento de 300% na quantidade de pedidos de recuperação judicial de empresas do setor entre janeiro e setembro de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022. Este número alarmante reflete as dificuldades impostas por condições climáticas adversas e a queda nos preços das commodities.
A situação é agravada pelo fenômeno El Niño, que impactou negativamente a safra de soja, aumentando as dificuldades dos produtores rurais.
Além disso, as recentes enchentes no Rio Grande do Sul exacerbaram os desafios enfrentados pelo setor. A tragédia causou destruição significativa de propriedades e um impacto econômico profundo, afetando diretamente o mercado imobiliário e a infraestrutura local. As perdas na agropecuária gaúcha são estimadas em mais de R$ 2,5 bilhões, com a maior parte advinda da agricultura. O governo do estado estima que o custo para o plano de reconstrução após as enchentes seja de aproximadamente R$ 19 bilhões.
Diante deste cenário, é fundamental que os produtores e empresas ligadas ao agronegócio organizem suas finanças e busquem alternativas existentes no mercado para a renegociação de dívidas. A recuperação judicial deve ser vista como último recurso, e não como uma solução para todos os problemas do setor. O uso de modelos preditivos, como o Agro Score PJ da Serasa Experian, pode antecipar e evitar riscos, permitindo que credores tomem decisões mais precisas.
A resiliência do agronegócio é testada nesse momento de crise. No entanto, a capacidade de adaptação e a busca por soluções jurídicas e administrativas podem garantir a recuperação efetiva do setor e fortalecer as comunidades afetadas.
Agora, mais do que nunca, é o momento de nos unirmos num espírito de solidariedade e humanidade a fim de superar os desafios impostos tanto pela crise econômica quanto pelas catástrofes naturais.
*Jéssica Farias é advogada e administradora judicial